"Acho que meu pai sabia, ele provavelmente viu na TV ou leu nos jornais, mas não me contou. Um amigo me disse e eu não acreditei. Tive que ligar pro meu professor de violão e perguntar se ele tinha ouvido alguma coisa. Aconteceu numa sexta-feira, mas eu só soube da notícia no domingo à noite. Nada me atingiu do jeito que a morte do Sid me atingiu. Chorei a noite toda, e era como uma espécie de grito, doloroso, não só por Sid, mas por tudo. Perdi completamente o controle de mim mesmo. Sabe, nada acontece aqui, nunca. E sempre recebo as notícias duas semanas atrasado. Não se lança nada de new wave (ou qualquer outra coisa boa que interesse) aqui, eu tenho que comprar importados do Rio. Tudo é disco, Travolta ou samba. Quando a coisa do punk começou, eu e meus amigos entramos de cabeça, porque alguma coisa estava acontecendo. Nos envolvemos com a música como não acontecia desde os Beatles e os Stones. Era diferente. Sid, John e o Clash - eram todos heróis. Eles pensavam do jeito que a gente pensava; nem mesmo o Airplane tinha batido tão perto de mim. Dava um certo medo, era como dividir alguma coisa, não era apenas ser um fã burro. (...) Ele morreu por causa do que era. E como Brian [Jones], Jim [Morrison] e Gram [Parsons], as pessoas só vão entender depois de alguns anos. Alguns vão esquecer, outros não, alguns já esqueceram, mas quando um herói é de verdade (eu digo herói mesmo), ele sobrevive. Aposto que alguém vai rir lendo isso. Pode rir, você não entende. (...) Eu cresci milênios de 75 para cá. Mas ainda tenho 18 anos. Vejo as coisas um pouco diferentes agora, e odeio... Mas vou passar por isso, e não vou perder (ganhar) como Sid Vicious fez. Eu vou fazer por ele o que ele fez por mim."
- 1979.
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