segunda-feira, 10 de agosto de 2009

máquina de pinball.

pára tudo e me dá um beijo, esquece tudo. auto-sabotagem. dessa vez era sério e o pânico de ter jogado tudo fora, bitucas de cigarro apagadas e amassadas e despejadas no lixo, tomou conta de mim de tal forma que só conseguia respirar curtinho e pensar que merda, que merda, pra quê? porque sim. porque esta é a minha chance de me redimir de tudo pra mim mesma, de mostrar que posso andar na linha, mesmo que ela fique em cima de um muro de dois metros. fazer as coisas como elas têm que ser uma vez, pela primeira vez, sem manchas. (...)
pára. pára tudo.
pára de cagar regra sobre como devo fazer o que faço. pára!
não me julga. não me olha com pena nem desprezo. (...) esquece, desce daí, te vejo aqui do meu lado, não quero saber de você é foda e lindo e se vai me dar mais uma chance. se não der, não vai ser apenas problema meu, não é só virar as costas como quem desiste do restaurante porque é caro ou demorado ou porque o garçon botou o dedo no nariz. somos dois. a merda foi minha, admito, me ajoelho, não consigo nem chorar porque seria ridículo e exagerado fazer isso na sua frente. mas conto. digo que chorei, e chorei mesmo, choro doído, travado. com pessoas de voz aguda que me olham de cima a baixo na casa escura e enorme e gelada e cheia de morangos e comidas e pessoas e longe de você.
longe nada. longe é agora, longe é quando você ignora minha tentativa de redenção. fui pra te ver. vou de novo, desisto de tudo, talvez me arrependa mas desistiria de tudo, trabalho, braço, perna, mão. eu quero você. mas não tenho. (...)

sou mesmo uma idiota, adolescente descontrolada que fez a maior merda, a coisa mais errada, escolhida inconscientemente a dedo para tornar tudo mais difícil e irreversível e dolorido, porque o drama me move, me mexe, me empurra pra frente ou pro lado ou pra cima ou pra onde quer que eu tenha que ir.

- clarah

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