domingo, 28 de fevereiro de 2010

o sol através do vidro

... ou os tentáculos da lua.

Amor é um pouco como água. Um pouco como vento, um pouco como barulho. Tão fácil de ler se os olhos estão atentos, meu bem, tão claro. Nasce do turbulento, do calmo, do caos e da leveza, em todos os lugares, por acaso, em um tempo incontável e não linear, escondido no espaço, assim como o momento em que tua cabeça se chocou contra meu muro e o universo nos abraçou como filhas. Minha pele ainda arde, mesmo depois dos dias, das semanas, dos meses; arde porque tua humanidade se encontrando com a minha foi armadilha sem razão alguma, fez fogueira nos teus olhos tão escuros e agora queima queima queima fazendo de nós fumaça, nos transformando lentamente em cinzas. Logo nós duas, minha querida, tão parecidas, tão inocentes, iguais na alma e no corpo, tão pequenas...
Surda. Surda – era o que você estava no primeiro momento em que chamei teu nome e ninguém me respondeu. Eu te amo; é o que me lembro de ter dito, mas estava só, tão só quanto apenas os seres humanos conseguem ser, e houve eco. Minha voz sendo obrigada a voltar e a entrar à força nos meus próprios ouvidos, rasgando minha cabeça de uma ponta a outra, me lembrando que sou a única habitante de um mundo estranho que conheci por culpa da solidão.

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