sexta-feira, 9 de outubro de 2009

o último brinde.

bebo à casa arruinada
às dores de minha vida,
à solidão lado a lado
e a ti também eu bebo -
aos lábios que me mentiram,
ao frio mortal dos olhos,
ao mundo rude e brutal
e a Deus que não nos salvou

(anna akhmátova)


ciclos, desenhos, sono, vazio, cheio demais, natural, engarrafamento sentimental, são paulo, frio, chuva, rua augusta, madrugada, insônia, café café café, desespero, solidão, bar, feliz, raiva, ciúme, fim - começo, neon azul, decisão, sonho, vadiagem, saudade, dor, ressaca, marlboros lights em peso, tentativas, festa, metrô, paranóia, anel, tristeza, falta de sentido, praça solitária, fotos, cerveja barata, bonecas, transferência afetiva, telefone, longe demais - perto demais - quase dentro, couro, calor, ipês roxos, feira, beatles, estupidez e mais uma série de coisas sem nome, sem definição, flutuando, flutuando, flutuando...

não importa que eu não pense antes de fazer nada - eu até poderia, mas mesmo pensando uma, duas, três vezes: eu faço do mesmo jeito.

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anos incontáveis de tristeza
nos olhos que queimavam minha pele
e ardiam como o cigarro cuja fumaça
os fazia avermelharem-se

coração fundo pulsando na palma de uma mão
que se estende a um íntimo estranho
pedindo delicadamente ajuda - silêncio
"while my guitar gently weeps", ela diz
baixo como um sussurro

pequena vida que com um sopro
sucumbiu p'ra dentro do breu
condenada às estrelas
por um crime tão inocente quanto chorar enquando ninguém mais vê

correndo pelos trilhos de um trem
na próxima curva, talvez
cacos de alegria
migalhas - pó
eu e você

enquanto eu grito lábios adentro
engolindo minha própria frustração
por favor,
não
me
deixe

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