... entrar pelas janelas, portas, coração. a tempestade por vezes me machuca, mas a chuva que vem depois é calma. a tristeza encruada na carne, dissecando todas as partes do meu corpo. os olhos gostam d'água, tira o concreto da frente, a madeira, o aço, deixa só o ar, o invisível. deixa que o vento passe indiferente como ele só, ignorando meu pedido de socorro pra me lembrar mais uma vez que o mundo vai me deixar para trás, e não haverá saudade. os dias me atropelando sem parar, minha falta de vontade, os fatos se amontoando como poeira ao meu redor e eu não alcanço nada além de você... nada além do seu desespero se moldando perfeitamente ao meu corpo, fazendo curvas em mim, me abraçando, me apertando, me esmagando. eu quero largar a mão do resto do mundo, arrancar de mim todas estas cicatrizes e jogá-las no canto de uma estrada qualquer pra onde eu só vou voltar quando você se for. eu quero me trancar dentro do seu estômago à sete chaves, segura, pequenina, mas todas estas vidas bomba-relógio se estampam em mim como tatuagem e nem por piedade me deixam fugir. meu corpo falha, a madrugada é sempre fria por mais quente que esteja lá fora, não ando com saúde nem pra chorar demais - tudo roda, escurece, e já não bebo há dois dias. não, nenhum tipo de droga se instalou de forma definitiva dentro de mim, minha querida. é você (e se eu acender esse cigarro, será que caio?). preciso de um perdão que espero e mereço, porque todos os meus crimes derivam de uma única fonte: o amor urgente que sinto e com o qual não sei o que fazer. meus pecados todos têm nome e seu perfume. me livrei de alguns quilos e junto com eles foram embora todas aquelas manchas antigas que tanto te doem, sou eu mesma a morada de todas as minhas histórias. lavei minha alma, e te trouxe pra baixo da chuva junto comigo, meu amor.
eu não presto, mas eu te amo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário