quinta-feira, 5 de novembro de 2009

uma paixão de filtro vermelho.

ainda não consigo escrever com clareza sobre você, embora venha tentando há bastante tempo, mas não posso me livrar deste capricho tão antigo de escrever sobre tudo o que pra mim é incerto, inacabado ou inexplicável. é a primeira vez que calo durante tanto tempo. você me tirou o fôlego das finas mãos que carrego... é uma paixão dessas de filtro vermelho. eu andava por aí observando muito bem o que havia ao meu redor, tentando apontar sempre para o que fosse mais leve, esperando a sorte de um amor tranqüilo com sabor de fruta mordida, desses de filtro branco, porque, você sabe, eu estive tentando parar - mas eu desisto. aliás, desisti há meses. não nasci para essas coisas sem peso, sem loucura, sem pedidos desesperados e urgentes de socorro. não me afasto mais de você nem nos meus próprios sonhos, onde eu deveria ter um espaço só meu. você me cansa, você corre na frente, você se esconde, você se defende e eu te quero tanto tanto o tempo inteiro! eu sei que já parti a tua primeira muralha, me alegra pensar que só devem faltar umas quatro. e eu te escalo, subo alto, despenco, me ergo outra vez, às vezes não caibo dentro de mim mesma. vou deixar que tome o rumo que quiser. você deve ser, neste instante, a única pessoa do mundo que pode me ferir de verdade, e você jamais faria isso conscientemente. tenho, tenho sim, tenho medo, você sabe que tenho, mas o medo não me bloqueia, o medo não me trava. vou deixar que sua vida passe por mim sem que eu precise prendê-la. meu bem, a tua liberdade é linda. o vendo jogando teu cabelo pro lado é tão azul que eu chego a flutuar quando a vejo assim, jogada, dormindo em qualquer canto pela rua. eu queria te dar a lua dentro de uma caixinha de papelão. eu queria te dar toda a noite também, todas as noites, tudo o que for escuro e onde você possa se esconder. tua fragilidade me enternece e por isso você é pra mim a pessoa mais forte que conheço. não existe volta para quem escolheu o esquerdo, e de repente percebi que mal consigo cuidar de mim mesma, quem dirá de nós duas...
foi então que decidi cuidar só de você.

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