quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
sábado, 26 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
hey, menina branca...
everytime i see you falling
i get down on my knees and pray.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
corpo & mente (exaustos)
O silêncio.
A única coisa que sei e em que consigo pensar é que para mim sempre vai ser como se nenhuma puta tivesse encostado as mãos no teu corpo frágil.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
a cidade vista de cima.
carregamos nas mãos uma grandeza que jamais conseguiremos mensurar. tão pequena quando ignorada, olhada sem atenção, tão frágil. podemos com pouca força estilhaçar com qualquer história n'um milésimo de segundo. é uma pena que não saibamos o que fazer com toda a riqueza que nos foi dada.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
"Toda literatura é uma espécie de fraude"
Acontece mais freqüentemente quando faz um calor como este que faz hoje, tenho reparado nos últimos meses. Tenho pressão baixa, dear reader, e até banho frio tomei para evitar o desmaio, mas parece não adiantar. Meus olhos saltam da cara para reparar em detalhes que (possivelmente) vejo todos os dias, mas nunca enxergo, com mais força em dias assim. Talvez as cores que ficam mais turvas com o vapor que sobe do asfalto enquanto troco pensamentos matinais por injúrias mau-humoradas, não sei. Os livros sempre dizem que não se pode separar olhos de coração, olhos de mente, e começo a acreditar que é verdade não só porque acredito cegamente em meus escritores, mas porque ando sentindo na pele. Como atravessar com tamanha violência a matéria de tudo que encosto sem que isso ocorra com o mesmo ímpeto com meus sentimentos? O ciclo seco, sweetheart, o ciclo seco. As ações involuntárias e voltadas exclusivamente para dentro, inseparáveis do que toco e enxergo. Paredes pixadas, muros e ruas imundos, pessoas enclausuradas dentro de si mesmas e tudo o mais que se vê por aí a cada hora, a cada passo; percebo que minha São Paulo e eu somos necessariamente indissociáveis, e não digo isso levando em conta minhas pequenas explosões de paixão que descubro por este lugar a cada dia, mas levando em conta todos os aspectos ruins, insuportáveis, de tudo o que me cerca: a temperatura constantemente absurda, o cheiro de mijo por qualquer canto em que boto os pés, a falta de simpatia, a pressa demasiado enlouquecedora, o caos do trânsito, a calamidade pública, a lei do atrolho que não deixa que nós, fieis e perseverantes, fiquemos em paz por um só dia sequer. Traços que venho absorvendo com o passar dos anos desde que nasci, e que não são mais tão poucos assim, compreende? Por mais que não consiga me sentir parte desta esfera, como posso pensar em viver em outro lugar com sinais tão marcantes e irreparáveis desta cidade em mim? Que outro espaço no mundo me aceitaria tão fervorosamente pau-lis-ta-na? Não me refiro ao que se pode ver, mas à essência. Ofuscante essência quieta e calada que consome minhas horas, joga sal nas feridas abertas da minha saudade, de sabor tão intragável. Existe sempre alguma coisa ausente.
Home is where heart is, eu sei. Mas acontece que tenho muitas casas... e sou uma só.
(13/01/2009)
insustentável felicidade
é tão bom te abraçar, te ver acordando, te ver rindo, estar com você, ouvir sua voz.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
meu bem, deixa a chuva entrar
eu não presto, mas eu te amo.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Frida Kahlo, o martírio da beleza.
Há anos Frida Kahlo me persegue. Tentei fugir, não consegui. Desde os anos 70, redescoberta pelas feministas, quando fotos dela começaram a aparecer nas revistas, eu tinha medo. E me recusava a ler. Bastava aquele rosto duro, de pedra, metade asteca, metade etrusco, buço e sobrancelhas cerrados, olhar direto, arrogante. Sem saber quase nada, eu intuía qualquer coisa terrível na história de Frida. Descobri depois: era ainda mais terrível do que poderia imaginar.
Veio então um filme mexicano extraordinário, numa exibição especial qualquer, com certa atriz magnífica (não lembro o título, talvez Frida, algum cinéfilo me diga por favor). Saí do cinema aos prantos. E devorei, numa noite, uma biografia escrita por Rauda Jamis. Aterrorizado, fascinado. Ó Deus, por que a beleza pode ser tão medonha? Ou ao contrário, por que o medonho pode ser tão belo? Vieram então os quadros. As cores, as corças feridas com cabeça humana, corpos esquartejados, colunas vertebrais metálicas, as pernas amputadas, pregos na carne: a Dor. Maiúscula, maior que tudo. E sempre o rosto. Em todos os quadros, o rosto indescritível.
Em Paris, há três anos, caminhando por uma mostra de arte mexicana no Beaubourg, de repente tive uma espécie de vertigem. Que, estranho, não vinha de dentro de mim, mas emanava de um ponto na parede. Olhei: era uma explosão de cores primárias, brilhantes, exageradas. Era uma das dezenas de auto-retratos de Frida Kahlo. Amarelo, vermelho, verde, lilás. Tive febre, depois. E comprei um livro de reproduções, as livrarias de SaintGermain-des-Prés estavam cheias deles. E as de Amsterdam, as de Berlim, as de Milão e Londres e Oslo também, fui descobrindo. A imagem martirizada de Frida Kahlo estava por toda a parte, como um Cristo-mulher contemporâneo. Um Cristo artista, bissexual, bêbado, drogado, adúltero, arrancando sua transcendência do próprio sangue, com as próprias unhas. E eu cruzava a Europa de ponta a ponta ouvindo Adriana Calcanhotto cantar no walkman: “Eu ando pelo mundo/ Prestando atenção em cores/ Cores que eu não alcanço/ Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores”.
Agora leio O diário de Frida Kahlo, um livro lindíssimo da Livraria José Olympio Editora, publicado no mundo todo este ano a partir de cadernos deixados no Banco do México. Os diários, escritos com tinta colorida, entremeados de desenhos perturbadores, com símbolos esotéricos hindus, celtas, pré-colombianos, cobrem os anos de 1944-1934. Sempre deitada, coberta de panos e mantas de seda índios, cheia de jóias extravagantes, ela olhava-se ao espelho e pintava e escrevia sem parar o que conhecia melhor: a própria dor. A coluna bífida, poliomielite, uma perna esmagada e amputada, várias fraturas na coluna, 33 cirurgias durante uma vida de apenas 47 anos.
Sobre aquele rosto, diz Carlos Fuentes, que a viu apenas uma vez no Palácio das Belas-Artes da Cidade do México: “O corpo é o templo da alma. O rosto é o templo do corpo. E quando o corpo decai, a alma não tem outro santuário a não ser o rosto”. E Frida, que era poeta, diz assim, cito em espanhol, que é mais belo: “Desde que me escribiste, en aquel día tán claro y lejano, he querido explicarte que no puedo irme de los días, ni regresar a tiempo ai otro tiempo. No te he olvidado — las noches son largas y dificiles”. E diz mais, escute, é importante: “Lo que más importa es la no-ilusión. La maílana nace”.
Passo noites longas, difíceis, o sono raro, entre fragmentos febris de suores e pesadelos, assombrado por Frida Kahlo. Choro muito. Não consigo terminar o livro, não consigo parar, não consigo ir em frente. Seguro sua mão imaginária no escuro do quarto e sei que seja qual for a dimensão da minha própria dor, não será jamais maior que a dela. Por isso mesmo, eu a suportarei.
Como ela, em sua homenagem, Frida.
(Caio Fernando Abreu, em Pequenas Epifanias)
li isso há bastante tempo, mas só ontem entendi o que Caio queria dizer quando se referia desta forma quase palpável a Frida Kahlo. assim como ele, não consegui dormir. me encantei, passei a noite com olhos acesos, descobri por que tantas pessoas se apaixonam perdidamente por ela. ainda não sei o que dizer, tenho um pressentimento de que nunca vou saber, mas precisava tentar... Frida Kahlo é o terror, a beleza, a poesia, as cores, o horrível do corpo humano, o amor, o excesso, tudo que transborda, o não caber dentro si, o sentimento cortado com facas, o olhar que machuca. não conheço nem um terço de tudo o que quero conhecer no mundo, mas já conheci um bocado pra pouca idade que tenho, e jamais, jamais cheguei perto de nada assim, como ela. seguro sua mão imaginária no escuro do quarto e sei que seja qual for a dimensão da minha própria dor, não será jamais maior que a dela. por isso mesmo, eu a suportarei. com o perdão pelo roubo das palavras...
Frida Kahlo é minha mais nova fulminante paixão à primeira vista.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
samba de avião.
hoje eu acordei com saudade... sonhei com Ipanema.
esse céu cinza pesa sobre meus ombros, esta cidade não me quer, nunca me quis.
as nuvens sempre carregadas, os olhos baços,
São Paulo chora... e eu também.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
uma paixão de filtro vermelho.
foi então que decidi cuidar só de você.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
a vida é agora, aprende.
meu amor, a vida passa num segundo
e um segundo é muito pouco pra sonhar...
domingo, 1 de novembro de 2009
morangos por aí...
auto destruição não é um desejo de morte, mas de ar inflando o corpo. quem se joga de cima de um prédio não quer o fim, quer um novo começo.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
domingo, 25 de outubro de 2009
domingo, 15 de junho de 2008
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
disperso.
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei...
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos.
(ana cristina césar)
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
muito drama pra pouca merda.
Eu acho isso uma baboseira tremenda. Sabe, felicidade é uma coisa que dá e passa. Ninguém muda o rumo da vida quando tá triste, vai mudar quando tá feliz pra quê? Grande bosta estar feliz. Não que eu esteja desdenhando da felicidade ou da sorte dos outros, até porque eu também estou muito feliz obrigada, mas convenhamos: nada muda de lugar sozinho. Tua conta bancária não aumentou e tua família não fala menos mal de você só porque você arrumou um novo parceiro de foda. Realiza. A felicidade só te deixa com mais vontade de tentar melhorar as coisas, o que é muito bom. É o que tá acontecendo comigo neste momento.
Eu desistir de estudar, passei em História, ganhei manhãs lindas de tv globinho e dragon ball Z, estou quase trocando de emprego, arrumei uma namorada e estou para a minha família na mesma proporção que o meu pai está para a Nota Fiscal Paulista - "do governo, não quero saber nem de benefício!", ele sempre diz. Bom, se eu for expulsa de casa, vai ser mais uma novidade pra contar. É por isso que não entendo muito bem quem some quando está feliz. Eu tenho tanta coisa pra dizer quando estou feliz! Tudo bem que é bem menos do que eu tenho para lamuriar quando estou triste, mas também não é caso de ficar calado. Eu adoro essa coisa de fazer muito drama pra pouca merda, é tão legal. Impulsiona tanto.
Eu tava afim de digitar bastante hoje, mas esse texto perdeu o sentido. Nada a ver isso tudo. Que merda. Vou cortar meu cabelo.
domingo, 18 de outubro de 2009
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
felicidade é um revólver quente.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
o último brinde.
às dores de minha vida,
à solidão lado a lado
e a ti também eu bebo -
aos lábios que me mentiram,
ao frio mortal dos olhos,
ao mundo rude e brutal
e a Deus que não nos salvou
(anna akhmátova)
ciclos, desenhos, sono, vazio, cheio demais, natural, engarrafamento sentimental, são paulo, frio, chuva, rua augusta, madrugada, insônia, café café café, desespero, solidão, bar, feliz, raiva, ciúme, fim - começo, neon azul, decisão, sonho, vadiagem, saudade, dor, ressaca, marlboros lights em peso, tentativas, festa, metrô, paranóia, anel, tristeza, falta de sentido, praça solitária, fotos, cerveja barata, bonecas, transferência afetiva, telefone, longe demais - perto demais - quase dentro, couro, calor, ipês roxos, feira, beatles, estupidez e mais uma série de coisas sem nome, sem definição, flutuando, flutuando, flutuando...
não importa que eu não pense antes de fazer nada - eu até poderia, mas mesmo pensando uma, duas, três vezes: eu faço do mesmo jeito.
anos incontáveis de tristeza
nos olhos que queimavam minha pele
e ardiam como o cigarro cuja fumaça
os fazia avermelharem-se
coração fundo pulsando na palma de uma mão
que se estende a um íntimo estranho
pedindo delicadamente ajuda - silêncio
"while my guitar gently weeps", ela diz
baixo como um sussurro
pequena vida que com um sopro
sucumbiu p'ra dentro do breu
condenada às estrelas
por um crime tão inocente quanto chorar enquando ninguém mais vê
correndo pelos trilhos de um trem
na próxima curva, talvez
cacos de alegria
migalhas - pó
eu e você
enquanto eu grito lábios adentro
engolindo minha própria frustração
por favor,
não
me
deixe
terça-feira, 6 de outubro de 2009
maybe i'm just too young.
por falta de opção, escolhi não pensar em nada. eu acho que sempre tive essa resposta na ponta da língua, mas o amor na prática é sempre ao contrário... todo mundo sabe. é sempre novo toda vez que acontece. eu pensei que dessa vez fosse ser diferente, sei lá, você parece diferente. eu descobri que sou mais inteligente quando estou triste - desde que alguma coisa aconteceu entre nós eu parei de ler os dois livros que eu estava lendo, mal vou ao cursinho, fico o tempo todo vento fotos tuas quando estou na internet e quando converso com alguém faço questão de contar sobre você. eu queria consertar algumas coisas por aqui antes disso, mas joguei tudo pro alto. eu deveria parar um pouco mais em casa, dar atenção a algumas pessoas, quase não durmo mais uma noite inteira e nem lembro quando foi a última vez que trouxe um prato de comida pro quarto e não joguei no lixo do banheiro, mas você atropelou tudo isso. eu estou sentindo tanta coisa junto que nem tento mais separar uma da outra na hora de explicar o que está havendo comigo; entre tudo isso, sentimentos os quais eu odeio, como medo e ciúme. eu me sinto mais patética quando sinto ciúme do que quando me apaixono, sabe, e eu nunca fui de ter medo de me jogar nessas coisas... espero que isso seja só o começo, que tudo isso passe, que eu não pense mais em coisas assim quando se tratar de você. é quase como aquela velha história de então eu te conheci e pensei que você pudesse ser tudo o que eu preciso e que você pudesse me ajudar e que você pudesse me completar e que eu você pudesse me dar um abraço e que você pudesse fazer um bom sexo comigo e que você pudesse me amar como eu sou e que você pudesse casar comigo e que nós pudéssemos passar o resto da vida juntas, mas acontece que eu sei o quanto você é tão filha da puta quanto eu. e é um alívio, acredite. o que eu mais temo é que você ache insuportável ficar com alguém que se parece tanto contigo. você não é do tipo egocêntrica e nem do tipo que gosta muito de se olhar no espelho, but we just have to wait and see. como sempre. você tem suas dúvidas sobre se eu já o esqueci, eu tenho minhas dúvidas sobre se você já a esqueceu, nós temos nossas dúvidas sobre o que fazer a partir de agora, coisas assim. eu minto, você mente, fumamos três maços de cigarro na mesma madrugada e depois nós entramos no pior motel da cidade, que mal há? você fica confusa, eu penso em pular do prédio mais alto do mundo, eu fico feliz, você sorri ao telefone.
ah, que aperto no meu coração pensar em te perder...
mesmo que nada que eu escrevi aqui faça sentido. eu preciso descansar.
domingo, 20 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
domingo, 6 de setembro de 2009
making love out of nothing at all.
and i know just how to cry;
i know just where to find the answers;
and i know just how to lie.
i know just how to fake it,
and i know just how to scheme;
i know just when to face the truth,
and then i know just when to dream.
and i know just where to touch you,
and i know just what to prove;
i know when to pull you closer,
and i know when to let you loose.
and i know the night is fading,
and i know that time's gonna fly;
and i'm never gonna tell you everything
i've got to tell you,
but i know i've got to give it a try.
and i know the roads to riches,
and i know the ways to fame;
i know all the rules
and then i know how to break 'em
and i always know the name of the game.
but i don't know how to leave you.
domingo, 30 de agosto de 2009
...
Os pintores, meu bem, passam a vida inteira tentando encontrar o tema certo. Seu próprio tema, pessoal e intransferível, seu objeto de paixão, o que inspira. Diz-se que os que encontram enlouquecem, pintam oitenta vezes a mesma coisa, viram escravos do ardor, nunca mais se libertam do que tanto procuraram. É o que os move, o que os alimenta, o que faz nascer sua arte; uma outra vida entre o cheiro de terebintina e o chão sujo de tinta. Eu, meu amor, mal sei segurar um pincel e não sou, definitivamente, uma artistas das telas – e por ser uma mera mortal, não sei o que fazer com este tema que encontrei e que é fardo pesado demais para estas minhas mãos que jamais reproduziriam um traço sequer: você.
Por que, meu Deus, foi cair esta cruz logo sobre meus ombros? Se eu soubesse pintar, meu bem, com certeza pintaria sua mão centenas de vezes. Viveria cercada das telas que haveria feito das duas mãos mais bonitas que já tive o prazer de ver. Pintaria seus cabelos, seus pequeninos cachos, os fiozinhos avulsos e espiralados que caíam sobre sua testa... Pintaria seus olhos, traduziria em cor toda a calma, toda a leveza... Pintaria seus ossos tão sutis, tão bem definidos, tão confortáveis... Pintaria a cor da sua pele com alguns tons de sol misturados à café... Pintaria suas curvas... Pintaria com riscos firmes os traços tão fortes do seu rosto, com corres gritantes e melancólicas, porque nem sempre a reprodução tem a obrigação de ser fiel à realidade. Faria como quisesse, seria o criador e a tua imagem minha criatura, usaria as cores que bem entendesse, a escala que bem entendesse, o formato que bem entendesse.
É uma pena que não tenha nascido dotada de tal bênção. A única coisa que me cabe tentar são as palavras, e nem com elas consigo chegar perto de você. Elas sempre me fogem quando tento contar ao papel sobre meu sentimento. Só minha garganta tem esboçado qualquer reação sobre você ultimamente, não sei mais como amansar este nó que me restou, este engasgamento, essa angústia querendo saltar pela minha boca. Meu amor, não é mais tristeza o que sinto, é frustração. Um sentimento de derrota que não suporto mais. Quantas vezes ainda vamos começar do zero? Quantas vezes ainda vou te perder para sempre? É a primeira vez que te vejo toda vez em que te vejo. Não sei onde termina meu amor e onde começa minha obsessão. Sei quando é loucura e quando não o é, e das poucas certezas que tenho, a primeira delas é que inventar nosso encontro não foi mera insensatez.
Quando você se for, meu bem, quando você se for de verdade, quando você crescer, quando você escolher uma estrada na qual eu não estou, isto tudo parecerá uma quimera. O que vivo terá cheiro de sonho, de realidade paralela. O que levarei de real e palpável destes tempos tão ingratos quando o futuro finalmente chegar? Quando você se for, meu amor, o hoje será um buraco, uma mancha negra sem cor, sem vida. Quando você se for, até as lembranças morrerão. Um filme, uma música, um livro, uma novela... Você, o personagem principal no enredo em que eu vou figurar. Um anjo, demônio, qualquer criatura que me aproximou de Deus ou do Diabo. Você vai ser somente o que não chegamos a ser. Tudo o que sou hoje.
Me divirto ao me lembrar das brincadeiras que não fizemos, gosto da lembrança do cheiro dos abraços que não nos demos... me alimento do gosto bom que tenho dos beijos que não te dei.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
outra vez.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
pela noite.
Imitou a voz melosa: Ôi-tudo-bem-e-aí-tô-ligando-pra-saber-se
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
domingo, 16 de agosto de 2009
demais.
todos acham que eu falo demais
e que eu ando bebendo demais...
que essa vida agitada
não serve pra nada,
andar por aí
bar em bar, bar em bar
dizem até que ando rindo demais
e que conto anedotas demais,
que não largo o cigarro (...)
o que ninguém sabe é que isso acontece porque
vou passar minha vida esquecendo você...
e a razão por que vivo esses dias banais
é porque ando triste, ando triste demais...
é por isso que eu bebo demais
e a razão porque vivo essa vida agitada demais
é porque meu amor por você é imenso
o meu amor por você é tão grande...
é porque meu amor por você... é enorme
demais.
(tom jobim)
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
máquina de pinball.
pára. pára tudo.
pára de cagar regra sobre como devo fazer o que faço. pára!
não me julga. não me olha com pena nem desprezo. (...) esquece, desce daí, te vejo aqui do meu lado, não quero saber de você é foda e lindo e se vai me dar mais uma chance. se não der, não vai ser apenas problema meu, não é só virar as costas como quem desiste do restaurante porque é caro ou demorado ou porque o garçon botou o dedo no nariz. somos dois. a merda foi minha, admito, me ajoelho, não consigo nem chorar porque seria ridículo e exagerado fazer isso na sua frente. mas conto. digo que chorei, e chorei mesmo, choro doído, travado. com pessoas de voz aguda que me olham de cima a baixo na casa escura e enorme e gelada e cheia de morangos e comidas e pessoas e longe de você.
longe nada. longe é agora, longe é quando você ignora minha tentativa de redenção. fui pra te ver. vou de novo, desisto de tudo, talvez me arrependa mas desistiria de tudo, trabalho, braço, perna, mão. eu quero você. mas não tenho. (...)
sou mesmo uma idiota, adolescente descontrolada que fez a maior merda, a coisa mais errada, escolhida inconscientemente a dedo para tornar tudo mais difícil e irreversível e dolorido, porque o drama me move, me mexe, me empurra pra frente ou pro lado ou pra cima ou pra onde quer que eu tenha que ir.
- clarah
soon.
- demorei tempo demais pra descobrir que essa é a coisa mais óbvia do mundo.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
opener.
E o caminho é perigoso
Pegou no canivete
E lavou com água do rio
E ela disse:
- Lá em casa tem um poço
Mas a água é muito limpa
- Ele é tão contemporâneo
Ela é tão expressionista.
Corri pro esconderijo
E olhei pela janela...
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
pra você guardei o amor.
pra você guardei o amor
que nunca soube dar,
o amor que tive e vi sem me deixar
sentir sem conseguir provar,
sem entregar
e repartir.
pra você guardei o amor
que sempre quis mostrar,
o amor que vive em mim vem visitar,
sorrir, vem colorir solar,
vem esquentar
e permitir...
quem acolher o que ele tem e traz;
quem entender o que ele diz
no giz do gesto o jeito pronto
do piscar dos cílios
que o convite do silêncio
exibe em cada olhar.
guardei
sem ter porque,
nem por razão,
ou coisa outra qualquer
além de não saber como fazer
pra ter um jeito meu de me mostrar...
achei
vendo em você
e explicação
nenhuma isso requer...
se o coração bater forte e arder
no fogo o gelo vai queimar (...)
domingo, 26 de julho de 2009
I choose you.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
i'll be there
i know she'd better be good to you...
'cause if she doesn't... i'll be there.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
o excesso de falta.
é de onde não se pode estar que tenho saudades.
é para o lugar do qual fugi que vou quando corro. é no lugar insuportável que fico quando descanso de algo que não aguentei. é na falta que vivo. o tempo todo sendo a mulher pra você que nem você quer. o tempo todo sendo a mulher que você não vê mais e só por isso, agora, te vejo o tempo todo. é te amando tão infinitamente que me liberto de gostar pelo menos um pouco de você. (...)
você reclamava que eu não dizia seu nome e isso era só porque eu o estava dizendo o tempo todo. (...)
você não está e me olha como nunca. você merecia ser amado assim, do jeito que acaba pra começar. uma covardia só pra quem aguenta firme. sempre no oco me preencho tanto que explodo. é no nada que está tudo aqui. e quando me perguntam de onde vem essa pressa, esse desespero, essa corrida, o sopro no coração, essa ânsia, a força, essa agressividade. de onde vem? eu digo que vem de uma preguiça enorme.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
meu coração é ridículo.
é sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou?
não é tão bonito quanto diz a arte.
não é amor... é doença
qualquer tipo de câncer que os médicos não vêem
onde termina meu sentimento e onde começa minha dependência?
onde terminam meus passos e onde tua mão começa a me puxar?
onde acaba meu limite e onde você começa a invadir?
todas as bocas do mundo... todas elas... nenhuma delas ao menos se parece com a tua
merda... merda...
que merda.
(...) amores, muitos deles, machucados ou não: minha esfera. meus amores, todos eles, meus pequenos amores, pequenos pedaços de mim soltos pelas ruas, prontos para se apaixonarem de novo depois de terem suas feridas curadas em minhas mãos. e na minha cabeça, meu amor... na minha cabeça eu só tenho você. com a fumaça encrustrada nos meus cabelos, tiro um fone de ouvido e de repente ouço joni mitchell sussurar que love can be so sweet e que i'm romanticizing some pain that's in my head. mas minha dor é real, e minha saudade também. doce, é certo, mas atroz. te espero tanto, se você soubesse... volto para casa sempre sozinha (e não estou querendo me aproveitar), encosto a cabeça no vidro do ônibus e só existe você no mundo. você que é o maior de todos dos meus amores; "... é que meu amor por você é tão grande, é que meu amor por você é imenso, é que meu amor por você é enorme demais", cantei há poucas horas atrás sentada ao balcão, mandando uma mensagem ao vento e esperando secretamente que ele a levasse à você. sei que não vai, sei de muitas coisas. sei, inclusive, de muitas coisas das quais duvido, que prefiro não acreditar. me engano muito bem, meu bem, better than you do. não sou tola, apenas uma apaixonada mentirosa. quantas pessoas compreenderiam o que digo, eu não sei... mas nunca tive tanta certeza de que você, apesar de não entender, apreciaria e me lançaria um olhar enternecido se me visse assim numa noite qualquer dessas. meus livros me ensinaram que a tristeza é também bela e que a beleza é um martírio. assim como tudo que é efêmero no mundo, as paixões passageiras me tocam às vezes. o coração abranda quando tento me distrair e consigo, o que não acontece sempre. meu maço acabou, notei, e fui comprar mais um marlboro light pensando que você poderia estar na próxima esquina, talvez. ah, meu querido, quanta angústia... e você tão longe. e madrugada adentro no escuro do meu quarto só existe você; te amo em silêncio segura de que aqui ninguém interromperá meus pensamentos tão seus. e a única coisa que sinto é você você você, você, você, você... você... você... v o c ê . . . v o c ê . . . v o c ê . . . com toda calma do mundo.
21/02/2009
cartas, meu bem? cartas?
eu cheirava teu cabelo e te abraçava por segundos que se tornaram minutos, e horas e então a eternidade... dizia como era lindo quando você fala porque a tua voz, a tua voz é tão doce que cheira à mel. você deitado e eu passava as mãos pelas tuas costas e sentia com os dedos cada um dos nózinhos da tua coluna. me enternecia ao te ver dormir e sussurava baixinho ao pé do teu ouvido te amo, te amo tanto... te amo tanto, dorme com os anjos. te apertava para sentir cada pedacinho do teu corpo e decorava tuas formas a cada toque. onde ficam cada um dos teus ossos... experimentava para que lado tua bacia se desloca melhor e te puxava para cada vez mais perto. sentia vergonha, às vezes, da tua beleza inconsciente e escondia o rosto. só havíamos nós, o silêncio, o vazio, o claro; e-u-e-v-o-c-ê... e u e v o c ê... e u e v o c ê... eu repetia com toda a calma do mundo, com todo o tempo do mundo para repetir bem devagar que a única coisa que existia era eu-e-você. e você dormia, ao meu lado, e eu passava os dedos entre teus cachos e pensava meu deus, tenho medo de quebrá-lo tenho medo de machucar tenho medo de não saber... te amo tanto. te sentia frágil a cada respirada e colocava a mão no teu peito para sentir como inflava e murchava teu pulmão, porque o sangue e a pele e os músculos são tão pequenos, porque tua imagem me parece tão frágil. me atacavam medos estúpidos - tinha medo da morte, tinha medo pelo lugar onde vive, tinha medo que te acontecesse um mal qualquer porque, meu amor, se te acontece alguma coisa eu juro que morro. que morro. e eu segurava as lágrimas antes que elas caíssem em você, porque te acordariam... e o mesmo silêncio que pairava por fora, pairava por dentro de mim: você é paz. paz, paz, paz... vida, te amo tanto. lembrava que tenho infinitas cartas que nunca te entreguei e pensava que te amo tanto que vou guardar todas elas p'ra sempre, junto ao peito, e falar falar falar sozinha todas as noites escuras, te desejando a melhor noite do mundo... porque eu te amo, te amo tanto... dorme com os anjos.
e disso, meu amor, disso eu jamais me cansaria.
29/01/2009
e agora...
(...) todas as vezes em que te abraço penso em pedir pra você voltar, pra deixar disso, pra correr logo e estancar de uma vez por todas este sangramento em meu coração que nunca cicatriza. eu ajoelharia em praça pública se soubesse que se assim o fizesse, você voltaria pra mim da mesma forma em que veio pela primeira vez. eu me humilharia perante toda sua cidade, cuspiria em cima de qualquer orgulho que possa existir em mim, eu jogaria tudo que tenho fora. todas as vezes, meu amor, penso em que te dizer que ninguém te ama mais que eu, que ninguém te ama como eu, que ninguém cuidaria de você melhor que eu, que ninguém seria capaz de te dar o que eu te daria. (...)
a diferença entre eu e tua garota, querido, não é o lugar onde moro, os cigarros que fumo, meu ceticismo religioso, os bares onde vou beber, minhas tristezas, as pessoas com quem convivo ou minha falta de meiguice: a única diferença entre nós é que ela o tem, e eu não.
mas ela não sabe, meu amor, não sabe do pânico que sinto da solidão sem você. eu suportaria qualquer tipo de solidão, assim como já o faço, porém sem você todos os silêncios de ensurdecem. é infernal, darling, pensar em viver sem você. ela não sabe como é sentir tudo o que sinto, como é não poder fazer nada por si mesma, como é estar tão longe, como é depender da vontade da vida (tão ingrata), como é te ver escorrer por entre os dedos, como é ser apaixonada como sou, como é ser eu; ela não sabe como é te ver amando outra pessoa. você nunca fugiu ou se afastou dela, e, como todos sabem, eu deveria saber também. nem quando eu cheguei ela o deixou em pensamento: a intrusa sempre fui eu. ela não sabe da minha frustração, da minha decepção, das minhas esperanças estilhaçadas, da minha sanidade frágil como uma taça fina de cristal, da minha vontade de não conhecer mais ninguém.
se é vaidade, meu bem, eu não sei, mas não vou abrir mão de você enquanto não pedir que eu o faça olhando dentro de minhas retinas. enquanto isso vou, sem esforço algum, esperando e suportando toda tortura que é ver tuas mãos enlaçadas com dedos que não são os meus.
nada mais me mata senão um tiro que só você pode me dar.
quero apagar esse post.
terça-feira, 7 de julho de 2009
sábado, 4 de julho de 2009
quarta-feira, 1 de julho de 2009
domingo, 28 de junho de 2009
sobre caixas e solidão.
De solidão.
A última vez em que vi Deus, contei a ele sobre você. Pedi ajuda, se bem me lembro, ajuda para sair dessa areia movediça que você me deu de presente cedo demais, ajuda pra não afundar de uma vez, pra não - te/me - ferir. A ternura demasiado grande que mostrei, te lembra? Te entreguei como um prêmio em uma caixa amarela e azul fechada com cadarço velho de tênis e uma folha de caderno tímida, dobrada por quatro vezes, pequenina.
"O que tenho é medo de reconhecer que sofri como uma danada em vão."
Era o que dizia o papel.
Me recordo de te ouvir falar que a primeira coisa que tinha notado em mim era o modo como you can break my spine but it won’t change the way I feel, e eu lhe respondi que sim, simplesmente, que você poderia mesmo quebrar cada pedaço do meu corpo sem que isso modificasse de qualquer maneira o que sinto. O que eu não sabia era da vontade de pagar para ver que isso provocaria; erro seu, tenebroso erro seu. Porque você, meu amor, quebrou não só minha espinha mas também meu coração. Sou eu quem fala, não meu sentimento.
Eu enganei da forma mais egoísta possível a todos a minha volta quando inventei que queria te esquecer, e, o pior: quando jurei que estava conseguindo, quando achei que poderia mudar o irremediável. Mentira, mentira. Mais uma. Menti seriamente, feri sentimentos inocentes, fiz mal, fui cruel. Não, não, nada disso existe. O silêncio. Eles não sabem a bomba-relógio que sou.
A única pessoa do mundo que pode acreditar cegamente em mim é você.
(...)
Eu estava andando em círculos pela casa, colocando a culpa das desgraças da minha vida na infiltração do teto, na má instalação elétrica, na falta de mistura na geladeira quando, para o meu desespero, recebi das mãos do carteiro que conheço há tantos anos uma encomenda com teu perfume dentro. Deus, não imagina o susto que tive ao sentir de repente teu cheiro impregnando todos os móveis e cômodos ao meu redor; a tua presença me prensando contra as paredes do meu próprio quarto. Teu cheiro teu cheiro teu cheiro, desorganizando, tirando tudo do lugar. Uma caixa amarela como a que eu havia te entregado, lacrada, guardando teu perfume e uma carta em folha amarelada.
Com amor.
Eram as últimas palavras da carta.
(...)
Queria tanto ser tua mãe; te alimentar, te aconchegar nos braços, lavar teu cabelo, te colocar pra dormir...
fragmentos.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
esquadros.
eu ando pelo mundo
divertindo gente
chorando ao telefone
e vendo doer a fome
nos meninos que têm fome
(...)
transito entre dois lados
de um lado
eu gosto de opostos
exponho o meu modo
me mostro,
eu canto para quem?
(...)
eu ando pelo mundo
e meus amigos, cadê?
minha alegria, meu cansaço
meu amor, cadê você?
eu acordei
não tem ninguém ao lado...
extremos da paixão.
- e você vai?
- vou.
- nervoso assim, qualquer um pode fazer besteira. e se ele te bate?!
- se ele fizesse isso... se ele me bater, quem sabe a raiva dele não passa e ele volta pra mim...?
não foi comigo. a este diálogo e ao resto dele eu só assisti. bem, ela foi... e eu desejei boa sorte.
(...) andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. o que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. só que dói mais. quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a) - mas a morte é inevitável, portanto normal. quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. e dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo(a). mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.
pensando nisso, pensei um pouco depois em boy george: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. lembrei de john hincley jr., apaixonado por jodie foster, e que escreveu a ela, em 1981: "se você não me amar, eu matarei o presidente". e deu um tiro em ronald regan. a frase de hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. a atitude de boy george - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. penso em werther, de goethe. e acho lindo.
no século XX não se ama. ninguém quer ninguém. amar é out, é babaca, é careta. embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. mentira: compreendo sim. mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. o que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. e exigimos o terno do perecível, loucos.
(...) andei pensando em adèle h., em boy george e em john hincley jr. andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. num bar qualquer, numa esquina da vida.
ai que dor: que dor sentida e portuguesa de fernando pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. pois como já dizia drummond, "o amor car(o,a) colega, esse não consola nunca de núncaras". e apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.
- caio fernando abreu
foi o que me veio à mente. e roubo de caio cada palavra, cada letra, cada vírgula.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
eu queria ter uma bomba.
faz calor, depois faz frio
você diz "já foi..."
e eu concordo contigo
você sai de perto,
eu penso em suicídio
(...) você sempre volta
com as mesmas notícias
eu queria ter uma bomba
um flit paralisante qualquer
pra poder me livrar do prático efeito
das tuas frases feitas
eu queria ter uma bomba
um flit paralisante qualquer
pra te negar bem no último instante
meu mundo que você não vê
meu sonho que você não crê...
sábado, 13 de junho de 2009
por causa de voxê, menino
mas eu olho pra voxê...
voxê não me diz nada
mas eu digo pra voxê...
- ben
terça-feira, 9 de junho de 2009
sobre uma coisa qualquer que adormeceu.
you're my sweetest downfall... but you loved me first.
domingo, 7 de junho de 2009
sobre a passagem das horas.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
nem tão anônimo assim.
tenho pensado tanto em você. brotam espaços azuis quando penso. no meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. e deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. você toca minha mão, eu toco na sua.
(...) sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezenquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. clack! como se fosse verdade, um beijo.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
estrada nova.
não saber o que fazer com a mão,
gritar pro mundo e saber
gue o mundo não presta atenção
eu conheço o medo de ir embora
e embora não pareça, a dor vai passar -
lembra se puder
se não der, esqueça
de algum jeito vai passar...
o sol já nasceu na estrada nova
e mesmo que eu impeça, ele vai brilhar -
lembra se puder
se não der, esqueça
de algum jeito vai passar...
eu conheço o medo de ir embora,
o futuro agarra a sua mão
será que é o trem que passou
ou passou quem fica na estação?
eu conheço o medo de ir embora
e nada que interessa se pode guardar -
lembra se puder
se não der, esqueça
de algum jeito vai passar...
(oswaldo montenegro)
quinta-feira, 21 de maio de 2009
loneliness.
eu tenho uma sensação meio de amargura, de fracasso. você me entende? como se tivesse a obrigação de ter sido, ou tentado ser, outra pessoa.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
i just don't know what to do with myself.
come back, i will be around
just waiting for you.
(i don't know what else to do)
terça-feira, 28 de abril de 2009
sobre algo que.
te quero, te espero. não vai passar.
você pensa em mim, eu penso em você - eu tento dormir, você tenta esquecer. longe do seu ninho, meu andar caminho, deixo onde passo os meus pés no chão. sou mais um na multidão.
o mar de sol no leito do lar que nem um rio pode apagar, o amor é fogo e ferve queimando. estou ferido agora e sigo te amando; você pode acreditar. a mesma carta, o mesmo verbo. em sonho só viver pra ti. quem tem a chave do mistério não teme tanto o medo de amar.
me cego, te enxergo. não vai passar.
o amor não tarda, está.
te quero, te espero. não vai passar.
você pensa em mim, eu penso em você - eu tento dormir, você tenta esquecer. longe do seu ninho, meu andar caminho, deixo o óbvio faço os meus pés no chão...
sou mais um na multidão.
domingo, 5 de abril de 2009
Epifanias sobre o fim de um verão triste.
Muitas luas já passaram por cima da primeira vez em que te vi. Todas as outras estações do ano já se repetiram e se repetiram também muitas outras que não existem no calendário. Atravessei agostos cortantes e julhos inteiros de saudade, admirei primaveras solitárias e vi chegar novamente os tristes verões que tanto me doem.
Aos finais de semana, meu querido, geralmente acordo sozinha. Ninguém em casa e a brisa leve que entra pelas frestas da porta diretamente da rua são uma marca intransferível do outono. O ventinho frio me toca os pés, o café feito bem antes de que eu acordasse espera pela minha caneca; imediatamente após a minha primeira – e mais gostosa – refeição, me recolho para um livro. Prefiro assim, com o silêncio dos móveis que não têm mais com quem conversar. Já tentei dar um jeito no meu quarto, mas sabes bem que não nasci pra isso – preciso me distrair, sento à janela, observo o jardim, tento assistir um filme qualquer. God knows como odeio a televisão! Música, talvez.
Acontece que, meu bem, por mais que eu me movimente por aqui, teus traços estão impregnados em todas as paredes que posso ver. Loucura ver tua imagem em todos os cantos deste lugar quando tudo o que existe ao meu redor é uma espantosa solidão. Tuas mãos, meu amor, tuas mãos e tudo o que elas seguraram, inclusive eu. Meus cabelos, meu travesseiro, minhas roupas e minhas próprias mãos também. Eu não fui abençoada com o dom das palavras, e muito menos sei desenhar, mas nenhuma outra pessoa no mundo além de mim sabe da vontade – e necessidade – que tenho de descrever e reproduzir tuas mãos em alguma folha branca de papel. O papel aceita qualquer coisa, jamais me recriminaria por errar teus traços ou distorcer tua ortografia. Uma outra forma de liberdade.
segunda-feira, 23 de março de 2009
...
que eu quero passar com a minha dor...
hoje pra você eu sou espinho
e espinho não machuca a flor
eu so errei quando juntei minh'alma a sua,
o sol não pode viver perto da lua.
tire o seu sorriso do caminho
que eu quero passar com a minha dor.
hoje pra você eu sou espinho
e espinho não machuca a flor
eu so errei quando juntei minh'alma a sua,
o sol não pode viver perto da lua...
é no espelho que eu vejo a minha mágoa,
a minha dor e os meus olhos rasos d'agua
eu na sua vida já fui uma flor
hoje sou espinho em seu amor,
eu so errei quando juntei minh'alma a sua
o sol não pode viver perto da lua...
tire o seu sorriso do caminho
que eu quero passar com a minha dor
que eu quero passar com a minha dor...
(nelson cavaquinho)